Sustentabilidade | Contabilistas com papel fulcral na fiabilidade de relatórios das empresas

2024-10-01

A pegada de carbono, as boas práticas de reciclagem, a circularidade, a eficiência energética e a paridade em meio laboral são temas que estão na ordem do dia, na sociedade em geral, bem como, no mundo empresarial. Em breve, além de relatórios e contas, balancetes, quadros com receita, lucro ou produtividade, as organizações empresariais vão passar a produzir reportes não financeiros onde o cumprimento de boas práticas ambientais, e os indicadores de sustentabilidade   e de (boa) governança corporativa vão poder ser aferidos. É um mundo novo? Não, mas pode vir aí uma nova contabilidade.
 
Para Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, oradora convidada na Casa do Jardim da Estrela, em mais uma das Conversas Lisboa Sustentável, promovida pela Plataforma Lisboa Sustentável Empresas, projeto da Direção Municipal de Economia e Inovação da Câmara Municipal de Lisboa, “será por força da legislação, sobretudo da transposição de diretivas comunitárias para o quadro nacional, que as empresas vão confrontar-se com este novo desafio: reportar ESG”.
 
Há, contudo, ainda, um caminho a percorrer. Será uma questão de mudança de mentalidades, comportamentos…e de tempo. Primeiro, as grandes empresas (com faturação superior a 40 milhões de euros, cerca de dois por cento das empresas nacionais) terão de dar o primeiro passo. Depois, a pressão do mercado e da sociedade encarregar-se-á de fazer com que também as organizações de menor dimensão avancem nesta “prestação” de contas sobre a sustentabilidade e passem, também elas, a produzir relatórios não financeiros.
 
Verdade. Acima de tudo, verdade, transparência e isenção serão essenciais para conferir fiabilidade a estes documentos que as organizações vão produzir. Para evitar a tentação do “greenwashing” (informação enganadora prestada acerca de produtos ou etiquetagem) na qual algumas empresas e empresários, por vezes, caem “é preciso que haja suporte científico nessa informação e que uma entidade independente faça a auditoria à empresa e certifique que o esta declara nestes reportes é fiável”, sublinhou Paula Franco que apontou os contabilistas certificados como a “entidade independente” que, no caso das empresas de menor dimensão deve assumir esse papel.
 
A existência de métricas revela-se, por isso, fulcral para a credibilidade da verificação dos dados e também para que a comparabilidade entre empresas seja possível, de modo que prevaleça a equidade e a justiça no mercado. Para já, a “grande” dificuldade é que falta precisamente o principal. Ou seja: as métricas.
 
Nada disto impede que “as empresas – pequenas, médias ou grandes – passem, desde já, a dispensar redobrada atenção às questões de ESG e ao respetivo reporte”, referiu a bastonária dos contabilistas lembrando, a propósito, que os spreads bancários terão cada vez mais em linha de conta a qualidade dos relatórios não financeiros que as organizações apresentarem aos bancos na hora da concessão do crédito.
Mais do que um fator que tem implicações (também financeiras) na vida de uma organização, “a sustentabilidade diz respeito a todos e a cada um e deve tornar-se num tema transversal às várias gerações de empresários”, concluiu Paula Franco.
 
Redacção: Luisa Botinas (DMEI)
Fotos: Raquel Wise (OCC)
           Patricia Seixas (PLSE)
 
 

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