Memorial à Escravatura
Descrição
A proposta consiste na edificação de um memorial de evocação da escravatura num dos relvados da Ribeira da Naus, junto à Praça do Comércio.
Apesar do papel histórico que, durante mais de quatro séculos, Portugal desempenhou na escravatura e no comércio de milhões de pessoas africanas escravizadas, é escasso o reconhecimento público dessa faceta sombria da História do país. Na cidade de Lisboa, que foi o polo central desse negócio, não existe qualquer monumento ou equipamento especificamente destinado a evocar esse passado e a celebrar o seu fim, ao contrário do que acontece noutras cidades europeias com passado esclavagista (Amesterdão, Londres, Liverpool, Nantes, Paris) e do mundo. A proposta agora apresentada visa suprir esta lacuna e promover um justo e pleno reconhecimento da História de Portugal. O memorial seria não apenas um local de reconhecimento e homenagem, mas também de reflexão e educação.
Assim, o memorial terá como objetivos principais:
• Homenagear as vítimas da escravatura e do tráfico de pessoas escravizadas e todas/os aquelas/es que a combateram e a ela resistiram.
• Contribuir para o reconhecimento do papel central que Portugal, e em particular a cidade de Lisboa, tiveram na escravatura e tráfico de pessoas escravizadas ao longo da História.
• Assinalar o contributo das pessoas africanas escravizadas para a prosperidade de Portugal ao longo da História, bem como o contributo das pessoas afrodescendentes para a sociedade portuguesa.
• Celebrar a abolição da escravatura e do tráfico de pessoas escravizadas.
• Condenar todas as formas atuais de servidão, preconceito, discriminação racial e injustiça social, nomeadamente as que constituem um legado da escravatura.
A localização proposta justifica-se pela secular ligação desta zona do centro histórico de Lisboa ao comércio de pessoas escravizadas e pela centralidade e dignidade que a mesma confere ao memorial.
O projeto deverá contar com a participação de organizações de afrodescendentes e de associações de imigrantes africanos, atendendo à origem da maioria das pessoas que foram escravizadas ao longo da História de Portugal, propondo-se igualmente que a conceção e realização do memorial fique a cargo de criadoras/es africanas/os ou afrodescendentes.
Local
Av. Ribeira das Naus, 1100 Lisboa, Portugal