Propostas

#497
Arroios, Santa Maria Maior
Educação e Direitos Sociais
Inês Pinto
20/08/23

Construção de dois Bustos de Personalidades Lisboetas

Descrição

Homenagem a Pai Paulino Actividade: Pretendemos implementar no Largo de São Domingos um busto em pedra e bronze, com cerca de 1,80m, e uma placa identificativa sobre Pai Paulino Pai Paulino Paulino José da Conceição, africano, livre, e muito popular em Lisboa durante o século XIX, nasceu no período do Império português no Brasil em 1798, tendo vivido e morrido em Lisboa a 12 de Março de 1869. Como acontecia naquele período, foi enterrado numa vala do cemitério do Alto de São João, mantendo-se a tradição que excluía os africanos das formas normais de enterro, modo de proceder que já se registava no século XVI. Cego de um olho, fixou-se em Lisboa depois de ter sido um dos militares que, em 1832, desembarcou no Mindelo com as tropas dos liberais. Pertencia à Brigada da Marinha, tendo a sua bravura sido condecorada. Foi depois pintor (caiador) no Rossio e ficou bastante conhecido pela sua mestria como toureiro amador na praça de touros do Campo de Santana, e músico gaiteiro na procissão do Corpo de Deus. Grande defensor dos direitos dos africanos este humanista foi membro de várias associações religiosas de africanos existentes em Lisboa. Nesses locais as populações africanas eram ajudadas por pessoas como o Pai Paulino a ter os seus problemas resolvidos, a comprar com a ajuda da própria comunidade as suas cartas de alforria e de liberdade. Outras ajudas passavam por interceder junto dos poderes públicos de forma a permitir direitos iguais às mulheres regateiras africanas e livres, ou a proteção das habitações dos africanos da intervenção policial em determinadas circunstâncias. Foi representado por Rafael Bordalo Pinheiro num busto em barro vidrado feito em 1894. Contexto na cidade e escolha do local: O Largo de São Domingos foi no passado o lugar onde homens e mulheres de África puderam encontrar, desde finais do século XV, acolhimento e apoio que tornaram menos dura a sua integração na sociedade lisboeta. Inserida no Mosteiro de São Domingos, a igreja do mesmo nome abriu as suas portas à primeira confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que viria a transformar-se, em Portugal e no seu império, num lugar de devoção e de proteção social de escravos e não escravos africanos. Neste espaço de espiritualidade que é o Largo de São Domingos que no presente mantém a relevante presença africana, consideramos ser o local ideal para a construção de um busto em pedra e bronze, assim como uma placa identificativa deste português de origens africanas - um homem que, no passado, fez a ponte para a melhor resolução de problemas bastante actuais. Desta forma, no futuro, a memória desse grande símbolo lisboeta manter-se-á viva sendo um exemplo para todos os afrodescendentes e todos os humanistas que prezam os seus valores e visitam Lisboa. Consideramos que esta iniciativa em muito valoriza o empenho da cidade e do país na execução de ações de incentivo ao estudo das comunidades afrodescendentes no mundo. Não existe nenhum outro símbolo semelhante, numa zona central da capital associada à presença secular de africanos como é o Largo de São Domingos, Rossio. Esta proposta insere-se no contexto de um projecto em curso, financiado em parte pela Câmara Municipal de Lisboa, que prevê a colocação de 20 placas, 1 busto e 1 estátua, com vista à valorização da Memória da Presença Africana em Lisboa. Homenagem a Fernanda do Valle Atividade: Pretendemos implementar no Campo de Santana um busto em pedra e bronze, com cerca de 1,80m, e uma placa identificativa sobre Fernanda do Valle. Fernanda do Valle: Fernanda do Valle, pseudónimo de Andresa do Nascimento, nascida na Ilha de Santiago (Cabo Verde) em Maio de 1859, foi uma notável figura popular da Lisboa do século XIX e inícios do século XX, hoje infelizmente esquecida. Sob o pseudónimo de Fernanda do Valle, registou as suas memórias num livro intitulado Recordações d'uma Colonial (Memórias da Preta Fernanda), publicado em Lisboa, em 1912, por A. Totta e F. Machado. As “Recordações” foram reeditadas em 1994 pela Teorema, onde se lê: “cabo-verdeana que foi uma das mais conhecidas cocottes lisboetas dos finais do século passado e do princípio deste (XX) são também um magnífico retrato da Lisboa elegante, galante e boémia da época". Foi célebre toureira que frequentou as praças de touros lisboetas, entre elas as Praças de Algés e do Campo de Santana, esta última construída em 1831 e demolida em 1891. Nas suas memórias revela como terá sido a modelo para a figura de uma mulher que está na base da estátua que homenageia o Marquês de Sá da Bandeira, da autoria de Giovanni Ciniselli, e representa uma das grandes decisões do Marquês - a abolição do comércio negreiro português e da escravatura no Império Português. A mulher com uma criança ao colo, traz no tornozelo as grilhetas de escravatura quebradas, simbolizando um futuro de liberdade. Fernanda do Valle justifica a escrita das suas memórias desta forma: “para que não me seja negado o logar, que de direito me pertence nas páginas imorredoiras da história”.» [Obra: “Recordações d’uma Colonial. (Memórias da Preta Fernanda).”] Contexto na cidade e escolha do local: No Campo de Santana esteve localizada uma Praça de Touros, de 1831 a 1891, local de encontro e diversão de inúmeros africanos de Lisboa, onde Fernanda do Valle toureou inúmeras vezes. Esta proposta insere-se no contexto de um projecto em curso, financiado em parte pela Câmara Municipal de Lisboa, que prevê a colocação de 20 placas, 1 busto e 1 estátua, com vista à valorização da Memória da Presença Africana em Lisboa. Objetivos: > Promover e apoiar ações que visam a representação de portugueses importantes, de origens africanas e desconhecidos na toponímia lisboeta > Dinamizar o espaço e a memória histórica africana na cidade de Lisboa > Celebrar os espaços da cidade onde se praticavam as tradições do Fado Dançado (Documentário sobre Fado Dançado: https://www.youtube.com/watch?v=OI1VfCcx-CY) > Trazer ao centro da cidade referências das atuais populações portuguesas de origens africanas que maioritariamente residem nos subúrbios da capital e nos concelhos limítrofes > Promover o diálogo e o estudo aprofundado sobre afrodescendentes em Lisboa, Portugal > A seguir à construção do busto o mesmo será valorizado pelos guias turísticos, nas visitas guiadas que várias entidades realizam de entre elas a Associação Cultural e Juvenil Batoto Yetu Portugal. O valor cultural e turístico acrescentado ao espaço será relevante. > Toda a população portuguesa e visitantes usufruirá desta acção ajudando a dignificar o cosmopolitismo e humanismo da cidade e população lisboeta. > Esta ação dará material de estudo visível aos investigadores e académicos que se dirigem a Lisboa e que se dedicam à história da presença africana em Lisboa/Portugal. > Nos próximos anos, a promoção e o conhecimento do Pai Paulino, símbolo humanista da presença africana em Lisboa, e do espírito de entreajuda africano ficariam a fazer parte do património de todos, revertendo positivamente o investimento realizado.

Local

Largo de São Domingos e Campo de Santana

Documentos

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Resultado da Avaliação Técnica

Proposta Rejeitada