As Repúblicas em Lisboa - Escola de valores
Descrição
Sou um pai preocupado com as condições de oferta de arrendamento de quartos a estudantes do Ensino Superior (quase sempre desordenado).O meu filho é aluno do Ensino Superior em Lisboa ( Univ. Nova)e apesar desta instituição ter alguma resposta nesta área, não existe, à semelhança da realidade em Coimbra,- a minha terra- um conjunto de infraestruturas que, com as universidades, as Associações de estudantes, as Câmaras Municipais, dêem apoio à integração dos estudantes de fora, e são milhares, e que, tendo uma sazonalidade obvia, acabam por se estabelecer na cidade de Lisboa, acrescentando valor a esta com as suas qualificações.
É tempo, sem querer apropriar da história, nem da tradição, pensar que estes espaços de cultura e valores, conseguem traduzir de forma simples um conceito de arrendamento de proximidade, com regras claras e acabando com muita da "exploração" existente actualmente.
As repúblicas são residências de estudantes. As repúblicas estudantis foram criadas pelo diploma régio de 1309 de D. Dinis, que ordenava a construção de casas na zona de Almedina destinadas a estudantes, mediante o pagamento de uma renda. O valor desta, seria definido por uma comissão nomeada pelo rei e constituída por estudantes e por «homens bons» da cidade.
O primeiro contacto com uma república é marcado pela ideia de comunidade. Estas casas são geridas pelos próprios estudantes residentes que, democraticamente, decidem as suas questões por unanimidade.
?(?) a ?república? era como que um verdadeiro cortiço, onde viviam (?) rapazes das mais
variadas Faculdades, das terras mais diversas, com os temperamentos mais diferentes e com
os hábitos e psicologias mais antagónicas, mas vivendo como a mais exemplar das famílias.
Desde os ?cábulas? impenitentes aos ?ursos? conceituados (?); desde o poeta de fama ao
prosaico batoteiro e glutão que nunca se deitava sem ceia; desde o monárquico fiel até ao
anarquista revolucionário; (?) desde o católico fervoroso (?) ao livre pensador (?)?.
in ?O Romance de Coimbra?, de Fernando Correia, 1932 ?
Verdadeiras comunidades de substituição, lares de alternativa aos deixados na terra natal, as Repúblicas vão mais além do que as outras casas de estudantes ou residências universitárias, representando a forma tradicional da vida académica de Coimbra, com tudo o que isso implica, da boémia ?as questões ideológicas.
Nos alvores da fundação da Universidade, defendendo a filosofia de que os escolares, tanto professores como alunos, não deveriam ter outras preocupações que não as do estudo e reflexão (razões da sua vinda para a Universidade), D. Dinis fomentou, desde logo, o proteccionismo real no que tocava ao alojamento, alimentação e bem-estar geral
dos escolares, como se comprova na Charta Magna Privilegiorum (1309), naqueles que são considerados os primeiros estatutos universitários.
De igual modo, a revolução urbanística que foi a criação dos Colégios Universitários, procurou contribuir para a manutenção dessas questões,para além do incremento da vida em comunidade.
Ganham os estudantes, ganha o comércio de proximidade, ganha o recuo na desertificação urbanística, ganha o mercado imobiliário da Câmara de Lisboa, ganha a construção civil enquanto actividade, GANHA LISBOA!